Entrevista I A comunidade LGBTQIA+ catuense diz como deve ser:

Com a palavra, o ativista catuense Davi Santos da Silva, Militante defensor das Causas da população LGBT+, dizendo como as pessoas da comunidade deve ser chamada, tratada, respeitada, em todos os lugares e até mesmo nos papéis.

A comunidade LGBTQIA+ catuense, concedeu entrevista – na voz do ativista Davi Santos da Silva Militante defensor das Causas da população LGBTQIA+ e negra; presidente do Grupo Diversidade de Catu, pontuando alguns esclarecimentos acerca da linguagem que deve ser utilizada para se referir as pessoas LGBTQIA+, destacando: “é importante enfatizar que as pessoas LGBTQIA+ são integrantes da sociedade e necessitam acessar políticas públicas vindas de instâncias federais e estaduais, assim como políticas no âmbito municipal – que podem ser adaptações, bem como novas políticas que podem ser criadas diante das necessidades de uma população que precisa acima de tudo de respeito e políticas de equidade“.

O que significa a sigla LGBTQIA+?

É um acrônimo para lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, travestis, trans, queer, intersex e assexuais, o símbolo de “+”, representa pessoas agêneros, pansexuais, não-binárias e outras orientações sexuais e identidades de gêneros. 

Defina heteronormatividade e cisgênero?

A heteronormatividade descreve um conjunto de discursos, valores e práticas que definem a heterossexualidade como a única forma natural e legítima de vida e expressão. Isso marginaliza outras orientações sexuais, identidades de gênero e formas de expressão. As pessoas cisgênero são aquelas que acreditam que seu gênero corresponde ao gênero de nascimento ou, mais especificamente, conforme as expectativas socialmente construídas com base no gênero identificado no nascimento. Ao longo dos anos, a heteronormatividade e o comportamento cisgênero simplificaram as discussões sobre gênero e orientação sexual.

Sexo e gênero? Existe diferença?

Quando nascemos, alguém (médico), olha para você e fisicamente (tem vagina ou têm pênis), e assim uma pessoa é identificada no nascimento como mulher, homem e intersexo (tendo características dos dois gêneros anteriores, ou sem identificações aparentes). O gênero pode ou não estar relacionado ao sexo biológico. Ou seja, deve ser entendida como uma forma de identidade e relacionamento pessoal com a sociedade.  
Fale um pouco sobre identidades de gênero.
Identidade de gênero é a percepção íntima que uma pessoa tem de si mesma como homem, mulher ou uma combinação de ambos, independentemente de seu sexo biológico. Além dos cisgêneros de que já falamos, os mais conhecidos são:
– Transgêneros
– Mulheres trans e homens trans
– Travestis
– Não-binária

O que é orientação sexual?

Está relacionado aos nossos interesses e relacionamentos afetivos e sexuais, heterossexualidade (atração emocional e sexual por pessoas de outro gênero), homossexualidade (atração emocional e sexual por pessoas do mesmo sexo), pode ser identificada como bissexualidade (atração emocional e sexual), pansexualidade (emocional e sexualmente atraente, independentemente do gênero ou orientação sexual) e assexualidade (não é sexualmente atraente e pode ter interesse emocional). Não existe “opção sexual”, pois essa atração é uma tendência naturalmente desenvolvida e involuntária.   

As pessoas hoje em dia falam muito de nome social. Mas, o que significa?

Este é o nome de gênero com o qual uma pessoa se identifica pessoalmente e pode ser diferente do nome do registro de nascimento. Em 2018, o Tribunal de Justiça Federal decidiu que travestis, mulheres trans não precisam de aprovação judicial. As alterações podem ser feitas diretamente no cartório.
A palavra “homossexualismo” tem algo de errado?
O sufixo “ismo” foi usado com a palavra “homossexual” para definir a doença. Até 1990, a Organização Mundial da Saúde considerava a homossexualidade (o termo correto) um transtorno mental.
O que são termos neutros? Ou linguagem neutra? Tem também a linguagem inclusiva.
O uso de pronomes e adjetivos neutros não distingue as pessoas como masculinas ou femininas como em português. A linguagem neutra, portanto, representa pessoas não binárias e transexuais com mais força.
Exemplo clássico: Todes
Alguns limites de inclusão, incluindo X, ES, XS e @, excluíam pessoas com necessidades especiais, como cegos, surdos, TEA (transtorno do espectro do autismo) e dislexia, portanto, a linguagem neutra era fraca. Como resultado, a linguagem neutra ganhou direção e tornou-se uma língua inclusiva, representando outros povos por meio de novas vertentes linguísticas, além das questões LGBTQIA+.

Quais são os exemplos mais comuns de comportamento tendencioso? Falas e comportamentos preconceituosos?

– O termo “Homossexualismo” denota doença e deve ser excluído do nosso vocabulário. As orientações sexuais não são distúrbios ou perversões.
– “Opção sexual”: expressão imprópria, pois não se trata de uma escolha, mas de uma orientação sexual.
– “Hermafrodita”: um termo arcaico e depreciativo para uma pessoa intersexual com características de gênero femininas e masculinas, ou não parecida com nenhuma.
– “O travesti”: O termo está incorreto porque as travestis têm uma identidade de gênero feminina. Além disso, travestis não são iguais a profissionais do sexo.
– “Meninas vestem rosa, meninos vestem azul”: A frase ficou famosa e se tornou um clássico dos papéis de gênero, como se o uso de cores e outras atitudes estivessem confinados aos sexos biológicos.
LGBTfobia é crime?
Sim. Em 2019, o Supremo Tribunal Federal equiparou juridicamente a LGBTfobia aos crimes de racismo, portanto denuncie.

Existe LGBTfobia institucional?

Existe. Trata-se da institucionalização do preconceito contra pessoas LGBTQIA+ através de normas ou comportamentos implícitos, ou explícitos em ambientes públicos, ou privados, inclusive atos que proíbem funcionários de usar o banheiro. E acontece frequentemente, por isso que precisamos resistir sempre a todas as formas de opressão.

  • Licenciado em Letras, Língua Francesa e Literaturas (UNEB);
  • Pós-Graduado em Educação Científica e Popularização das Ciências (IF Baiano);
  • Mestrando em Relações Étnicas e Contemporaneidade (UESB);
  • Ativista- Militante; defensor das Causas da população LGBTQIA+ e negra;
  • Presidente do Grupo Diversidade de Catu.

Davi Santos da Silva

Editando.

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