Tebet vê comunicado ‘apertado’ do em decisão sobre juros, mas espera que ata da reunião seja ‘imparcial’ e ‘justa com o Brasil’

Sede do Banco Central em Brasília — Foto: Raphael Ribeiro/BCB

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, avaliou nesta quinta-feira (23) que o comunicado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em reunião que manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano nesta terça-feira, o maior nível em mais de seis anos, foi “apertada”.

Fonte: g1.globo.com

“Não houve surpresa em relação à manutenção da taxa em 13,75% [ao ano]. Já esperávamos isso. Ainda que não quiséssemos isso, mas já esperávamos. Então vamos aguardar a ata. Assim como da outra vez, o comunicado saiu muito mais apertado do prevíamos. Vamos aguardar a ata. Que essa ata venha de forma imparcial e justa com o Brasil”, declarou.

Ela espera que a ata do Copom traga os fatores externos que levaram o BC a manter a taxa em 13,75% ao ano, mas que também reconhecendo fatos que mostram “todo o esforço do governo federal está fazendo”. “Para que possamos conter gastos públicos, apresentar projetos sociais relevantes, mas com responsabilidade fiscal”, acrescentou.

Ainda ontem, no dia da decisão do Copom sobre os juros, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que considerava “preocupante” o comunicado Copom, e argumentou que relatório divulgado pelo governo no mesmo dia apontou aumento nas receitas e diminuição no déficit das contas públicas para esse ano.

A ata da reunião do Copom, colegiado do BC que manteve a taxa brasileira, em termos reais, no patamar mais alto do mundo, será divulgada na próxima terça-feira (28). O documento traz mais detalhes sobre a decisão da autarquia sobre a definição da taxa de juros.

Em comunicado divulgado após o encontro de ontem, o Banco Central afirmou que, embora a reoneração dos combustíveis tenha reduzido a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo, ainda permanecem alguns fatores de risco para o cenário inflacionário. São eles:

  • a maior persistência das pressões inflacionárias globais;
  • a incerteza sobre o arcabouço fiscal e seus impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública;
  • e uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos.

E também apontou os passos futuros da política monetária (próximas decisões sobre juros) ” poderão ser ajustados” e que o BC “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste [de alta da taxa básica] caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.

Próximos passos do BC

A ministra do Planejamento disse ainda esperar que, na próxima reunião do Copom sobre a taxa de juros, no começo do mês de maio, o novo arcabouço fiscal, ou seja, a regra para as contas públicas que irá substituir o teto de gastos (que limita a maior parte das despesas à inflação do ano anterior) já seja conhecido e considerado pela autoridade monetária.

E que as negociações no Congresso Nacional em torno da reforma tributária sobre o consumo, avaliada pelo Legislativo, também já estejam mais evoluídas.

“Temos condiçoes de independente dos fatores externos, mostrar que o ambiente interno esta melhorando e consequentemente teremos condições, se assim decidir o BC, de baixar as taxas de juros”, declarou a ministra. Nesta terça-feira, ela disse que, se arcabouço fiscal for ‘bom’, os juros podem cair daqui a 45 dias.

A área econômica do governo está trabalhando no chamado “arcabouço fiscal”, novas regras para as contas públicas, para substituir o atual teto de gastos como parâmetro para o controle dos gastos – uma “âncora fiscal”, no jargão da economia. A expectativa é divulgar o projeto no começo de abril e enviá-lo ao Congresso até o dia 15 do próximo mês.

A ideia é de se criar um mecanismo, em substituição ao chamado teto de gastos (que limita a maior parte das despesas à inflação do ano anterior), que permita ao governo fazer investimentos e despesas orçamentárias em saúde e educação, por exemplo, os chamados gastos sociais, sem gerar descontrole nas contas públicas.

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